Analisando relações de causalidade em um processo avaliação participativa
- curcumaorg
- 3 de jun.
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CEERT, Cidade Escola Aprendiz, Ensina Brasil, IBEAC e Instituto Elos publicam estudo de caso coletivo sobre avaliação participativa
Um grupo de cinco organizações brasileiras atuantes pela equidade na educação se reuniu em um processo de avaliação participativa sobre contribuições de programas específicos para mudanças sistêmicas no campo da educação formal e informal. O processo, realizado no âmbito da Comunidade de Prática em abordagens participativas para Monitoramento, Avaliação e Aprendizagem anfitriada pela organização filantrópica Imaginable Futures, aconteceu ao longo de um ano, e teve suas reflexões e resultados transversais publicados recentemente como um estudo de caso na plataforma Causal Pathways Initiative.
O convite para esta publicação se deve à natureza da abordagem para compreender as relações de causalidade entre os programas selecionados, seus resultados imediatos e as mudanças sistêmicas com as quais as organizações desejam contribuir. Tomando a abordagem do Outcome Harvesting (Colheita de Resultados) como processo macro, as equipes coletaram histórias de mudança significativa junto aos atores centrais dos programas em análise, e, então construíram os caminhos causais para a mudança relatadas nas histórias. Isso é dizer que, ao invés de partir de resultados pré-definidos por modelos lógicos ou ferramentas semelhantes, as equipes foram a campo investigar, a partir das vozes das próprias pessoas envolvidas nos programas, o que realmente havia mudado, como aquela mudança havia acontecido, se os atores identificaram contribuições do programa para esta mudança e, em caso afirmativo, quais.
Assim, mais do que provar se os resultados almejados foram ou não alcançados, o processo de avaliação participativa buscou trazer aprendizados para todas as partes envolvidas:
para as equipes das organizações implementadoras, que puderam ampliar sua compreensão sobre de que maneiras suas ações contribuem para mudanças e fazer adaptações nos programas quando necessário;
para a organização financiadora, que pôde ter uma visão transversal sobre como um grupo de suas organizações apoiadas (grantees) contribui para mudanças mais amplas alinhadas à sua estratégia de investimento, bem como quais desafios enfrentam neste caminho;
para as pessoas participantes dos programas envolvidas na avaliação, que tiveram a oportunidade de contar suas histórias e, com isso, também refletirem sobre como as mudanças relatadas haviam acontecido e o que essas mudanças significavam para elas. Ao envolver esses atores no processo da avaliação, ela adquire caráter de intervenção, ou seja, a própria participação no processo avaliativo pode contribuir com as mudanças desejadas ou provocar novas.
A jornada envolveu uma equipe de facilitadoras apoiando cada organização nas etapas da avaliação participativa na medida de suas necessidades e, ao mesmo tempo, sustentando o campo coletivo dessa investigação. Em diferentes momentos, as cinco organizações estiveram juntas em sessões de aprendizagem, reflexão sobre o processo e os resultados alcançados, e troca de experiências. Um desses momentos aconteceu em junho de 2024, quando representantes das equipes apresentaram o processo em andamento no XI Seminário da Rede Brasileira de Monitoramento e Avaliação (RBMA) em Belém.

Com a conclusão deste processo de avaliação participativa, o grupo inaugurou a terceira fase da Comunidade de Prática, que contou com uma semana imersiva do curso em abordagens participativas para Monitoramento, Avaliação e Aprendizagem do Institute of Development Studies, oferecido por Marina Apgar e Angela María-Baez em fevereiro, em São Paulo. A terceira fase, que segue até o fim de 2025 com facilitação de Marina Apgar, Bruna Viana e Aline Rocha, tem como foco apoiar as equipes em demandas de estruturação dos sistemas e processos de avaliação participativa institucionalmente, sendo que novas rodadas de avaliação participativa serão realizadas no âmbito deste processo.

Para ler o estudo de caso em sua versão em português clique aqui. Se preferir acessar a versão em inglês, clique aqui.
Leia outros estudos de caso disponíveis na plataforma Causal Pathways Initiative clicando aqui.
Ficha técnica:
Organização financiadora: Imaginable Futures
Coordenação do processo de Monitoramento e Avaliação: Marina Apgar
Facilitadoras: Bruna Viana e Irenildes Silva
Organizações participantes: Ashoka, CEERT, Cidade Escola Aprendiz, Ensina Brasil, IBEAC e Instituto Elos.
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